SERÁ QUE CHOVE?

INTEGRANDO AS COMUNIDADES COSTEIRAS NA PREVISÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO BASEADAS NA NATUREZA

O projeto tem como objetivo integrar as comunidades costeiras à previsão das mudanças climáticas e às estratégias de adaptação, em particular relacionadas à estação chuvosa.

Desenvolveremos um sistema de previsão de baixo custo para estimar o período da estação chuvosa da região leste do Nordeste do Brasil usando informações de temperatura da superfície do mar, que apoiará a previsão de eventos climáticos extremos e, subsequentemente, melhorará a capacidade de resposta das comunidades locais ao impacto desses eventos.

Com vistas a melhorar essa previsão de forma mais local, faremos um zoom no estado de Alagoas, onde abordaremos as histórias que as comunidades contam para explicar as estações chuvosas do passado e as expectativas futuras serão usadas para calibrar o sistema de previsão e também para enfatizar problemas específicos do contexto que irão servir de conteúdo para os cursos de treinamento.

Planejaremos e ofereceremos um curso de treinamento sob medida sobre estratégias de adaptação baseada no ecossistema (AbE) para representantes das comunidades costeiras alagoanas. Os principais desafios relacionados ao clima que afetam o litoral em que vivem serão abordados buscando a adaptação contextualizada. Buscaremos incorporar o conhecimento dessas comunidades para co-criar propostas de AbE para alguns dos efeitos das mudanças climáticas, como erosão costeira e assoreamento estuarino. Isso será alcançado usando tanto os resultados adquiridos pela calibração do sistema de previsão quanto o conhecimento debatido durante os cursos de treinamento desenvolvidos e ministrados pela equipe do projeto. Espera-se que a comunidade seja capaz de identificar onde e quando implementar estratégias de AbE para aumentar sua resiliência às mudanças climáticas.

Trabalharemos com duas escalas de análise. O sistema de previsão será desenvolvido para a região leste do Nordeste do Brasil que compreende os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Já a abordagem das comunidades costeiras ocorrerá no estado do Alagoas. Essa abordagem abrangerá tanto a identificação e o desenvolvimento das narrativas que os atores usam para explicar as condições do clima, bem como os cursos sobre as estratégias de AbE. Esse zoom no estado do Alagoas se justifica pela experiência apresentada de algumas das suas comunidades costeiras em realizar projetos coletivos, bem como a proximidade de alguns integrantes do projeto com as mesmas. Essas comunidades se localizam nas seguintes áreas:

Reserva Extrativista Marinha da Lagoa do Jequiá - AL

Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais

RESULTADOS ESPERADOS

  • Sistema de previsão regional da estação chuvosa, de menor custo, que deverá ficar disponível depois da finalização do projeto
  • Desenvolvimento de narrativas das comunidades costeiras para o entendimento através de palavras sobre a estação chuvosa e suas características, o que aportará para a calibração do modelo.
  •  Capacitação da equipe no que se refere à AbE;
  •  Transferência do conhecimento sobre AbE para as comunidades locais, buscando a resiliência das mesmas, dado que poderão contar com estratégias contextualizadas e baseadas na natureza para a adaptação às mudanças climáticas, não só durante o período do projeto, bem como para situações futuras;
  •  Cocriação de propostas de projetos envolvendo AbE para mitigação dos efeitos das mudanças climáticas relacionadas ao período chuvoso que serão implementadas em um futuro próximo através de novos financiamentos de projetos.

Este projeto se conecta a uma série de prioridades da COP26, em particular:


Foto: David Gross/The Ocean Image Bank

  • Adaptação e resiliência através do desenvolvimento do sistema de previsão e estratégias de adaptação baseadas na natureza, que devem perdurar futuramente

O projeto irá melhorar a capacidade das comunidades locais de se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas (particularmente, a intensidade e frequência dos eventos climáticos na estação chuvosa), aumentando a resiliência.

Para isso, planejamos integrar seus conhecimentos a um modelo de previsão de eventos climáticos extremos, que será atualizado e ajustado com base em suas narrativas. Isso levará também à proposta de implementação de um Sistema de Alerta de Previsão de Eventos Climáticos Extremos para evitar a perda de casas, meios de subsistência e até mesmo vidas, reduzindo o risco de desastres.

  • Aumento do valor da natureza, já que estas serão a base para o desenvolvimento das estratégias e soluções mencionadas 

Por meio dos cursos com líderes locais, as estratégias de AbE por si só já se enfocarão na natureza. Já que o projeto ajudará as comunidades costeiras a melhorarem sua capacidade de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas pela inclusão e disseminação de abordagens de adaptação baseadas em ecossistemas como ferramentas para proteção e restauração de ecossistemas costeiros e que há uma relação direta com o aumento do valor da natureza para o cotidiano dessas comunidades.

Alinhamento do Projeto com os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável -ODS

ODS 5 - IGUALDADE DE GÊNERO

Pretendemos trabalhar com a Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais, além de possíveis outras organizações enfocadas no gênero feminino, com o objetivo de incentivar as pescadoras a participarem ativamente da conservação ambiental e da gestão sustentável, como protagonistas e aprendizes; compreender o contexto social, político, cultural, histórico, econômico, ambiental do território; valorizar a própria cultura, além de aumentar o sentimento de pertencimento ao território; e, fortalecer a autoestima dessas mulheres. Cabe destacar também que a equipe do projeto está composta por 5 mulheres e 3 homens, além de que a equipe terá um treinamento prévio ao desenvolvimento do curso com líderes locais com duas pesquisadoras na área da AbE. Além disso, o curso para representantes e gestores também buscará incentivar a participação das mulheres para alcançarmos futuramente uma igualdade de gênero.

O projeto trabalhará na redução do risco de desastres por meio de um sistema regional de previsão sazonal para o período da estação chuvosa usando dados de temperatura da superfície do mar que permitirão que muitos setores sociais usem essas informações para prevenir danos e perdas.

Por outro lado, o desenvolvimento e implementação da AbE pelas comunidades costeiras fará com que as mesmas se empoderem de estratégias baseadas na natureza capazes de aumentar a resiliência às mudanças climáticas ao longo do tempo.

ODS 11- CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

O projeto trabalhará para produzir uma proposta para um Sistema de Alerta de Previsão de Eventos Climáticos Extremos por meio do sistema de previsão sazonal regional para o período da estação chuvosa usando informações da temperatura da superfície do mar, calibradas por narrativas das comunidades.

ODS 13 - AÇÃO CLIMÁTICA

ODS 14 - VIDA NA ÁGUA

Desenvolvimento de projetos com soluções baseadas na natureza colaborativos para os impactos das mudanças climáticas em diferentes comunidades costeiras de Alagoas, que serão potencialmente mais baratos e mais fáceis de usar em comparação com as estratégias clássicas.

QUEM SOMOS

Juliana Gaeta

Coordenadora

Juliana é bióloga com mestrado e doutorado em Ciência Marinha Tropical. É coordenadora deste projeto e pesquisadora bolsista do Programa Chefe Cientista em Pesca e Aquicultura da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, atuando na Universidade Federal do Ceará. Ao longo de sua formação acadêmica, ela já morou na Austrália, Espanha e muitas cidades do Brasil. Ela colabora cientificamente com pesquisadores espanhóis, cabo-verdianos e brasileiros em um projeto conservacionista da lagosta espinhosa e tem o prazer de iniciar uma parceria com pesquisadores do Reino Unido neste projeto incrível. Ela é apaixonada por atividades aquáticas como mergulho autônomo e livre, assim como adora estar em contato com a natureza durante as atividades de mountain bike e speed bike e caminhadas.

Briana Bombana

Vice Coordenadora

Briana é oceanógrafa com mestrado em gestão costeira integrada e doutorado em Geografia. É vice-coordenadora do projeto e bolsista pesquisadora da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE-SC). É uma mulher latino-americana, socioecologista, feminista, boa amiga e tia maluca. Ao longo de sua formação acadêmica, já morou na Espanha, Uruguai, Portugal e Estados Unidos, porém, no último ano voltou ao seu país de origem e está feliz com isso. Gosta de contos e poemas, línguas e sotaques, chimarrão, pés na areia, baladas de boteco, caminhadas e violão. Ela acredita que o paraíso já está aqui, sendo a zona costeira um bom exemplo disso.

Aline é uma Bióloga Marinha Anglo-Brasileira atualmente em doutorado no Departamento de Geografia em parceria com o Instituto de Zoologia ZSL. Ela é cofundadora da AQUASIS, uma ONG conservacionista dedicada à proteção de espécies ameaçadas e importantes habitats no Nordeste do Brasil, e parceira de pesquisa do Programa de Mamíferos Marinhos da AQUASIS, com foco na conservação do peixe-boi das Antilhas (T. m. manatus), e o golfinho da Guiana (S. guianensis), duas espécies ameaçadas de extinção que apresentam a maior taxa de mortalidade da região. Ela é a criadora do Seabird Soundscapes, um projeto de ciência cidadã que envolve as pessoas com as paisagens sonoras marinhas das aves marinhas, ajudando a desvendar seu comportamento de forrageamento no mar e identificando ameaças potenciais à sua existência. Aline também faz parte da Liga das Mulheres pelo Oceano, rede de mulheres que trabalham em conjunto para potencializar o impacto de ações e ideias para a conservação dos oceanos.

Iran é biólogo e tem mestrado em biodiversidade e conservação nos trópicos. Ele trabalha com peixes-boi há 15 anos. Como analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, foi coordenador do programa de reintrodução do peixe-boi, participando de mais de 50 capturas, marcações e lançamentos de peixes-boi no litoral Nordeste e Norte do Brasil. Foi por três anos gestor da Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, a maior àrea Marinha Protegida costeira do Brasil e importante habitat para a população de peixes-boi do extremo sul das Antilhas. Agora ele trabalha na Reserva Extrativista Marinha da Lagoa do Jequiá. Ele nasceu e foi criado à beira-mar e é apaixonado por atividades aquáticas e naturais como mergulhar, velejar e fazer caminhadas

Vanessa é uma ecóloga Marinha, Ph.D. com especialização em taxonomia e sistemática da meiofauna de águas profundas, além disso, tem experiência na avaliação das respostas biológicas às mudanças climáticas (acidificação dos oceanos, aquecimento global) e aos efeitos da poluição por microplásticos. Além disso, ela tem 5 anos de experiência em ensino superior no Reino Unido, onde desenvolveu vários projetos de engajamento comunitário e feiras de ciências para a comunidade em geral. Nas horas de lazer, gosta de se manter ativa, fazer caminhadas e nadar em águas abertas. Ela também pratica ioga e gosta de ler livros de aventura.

Marcos é meteorologista com doutorado em Ciências Climáticas e Ambientais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e pela Universidade Estadual do Amazonas. Ele tem vasta experiência em variabilidade e mudanças climáticas na América do Sul, com foco nas interações oceano-atmosfera-biosfera. Seu principal tema de estudo é o efeito das mudanças na temperatura da superfície do mar em ecossistemas terrestres usando modelos numéricos e dados de campo. Nas horas vagas, ele adora brincar com sua linda filha. Ele também gosta de se encontrar com seus amigos e familiares, praticar diversos esportes como futebol, tênis, natação e xadrez, para se manter em forma e saudável.

Natália é psicóloga com mestrado e doutorado em Análise do Comportamento. É Professora do Curso de Graduação em Psicologia e do Mestrado em Psicologia e Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará na cidade de Sobral. Desenvolve pesquisas e intervenções em educação, com enfoque nos seguintes temas: cultura, cooperação, superstição e questões de gênero. Ela adora esportes em contato com a natureza, como surf ou natação e também ler ou meditar na praia.

Gilmar é historiador, Doutor em Ciências Marinhas Tropicais, Mestrado em Extensão Rural e Desenvolvimento Local, Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas – Campus Maceió. Professor Pesquisador de Educação a Distância da UAB – Universidade Aberta do Brasil, Consultor em Extensão Rural e Desenvolvimento Local, atuando principalmente nos seguintes temas: pesca, pescadora; trabalho feminino; gênero e desenvolvimento local, audiovisual; cultura e pesca artesanal na Laguna Manguaba (Alagoas), Itapissuma (Pernambuco) e na Ria de Aveiro (Portugal).

PARA MAIS INFORMAÇÕES

seraquechove@institutoayni.org

siga nosso perfil no instagram

Este foi um dos projetos premiados no Challenge Prize desenvolvido durante o workshop: