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Maratonar séries, cozinhar e observar aves: o aumento do interesse por pássaros de jardim no primeiro lockdown da Covid-19

Em um estudo recém publicado na revista internacional Frontiers in Ecology and the Environment (doi:10.1002/fee.2374), cientistas do Laboratório de Conservação no Século 21  da UFAL (Anna Ludmilla da Costa-Pinto, Ana Malhado, Bárbara Pinheiro, e Richard Ladle) também colaboradores do Instituto Ayni, em parceria com cientistas de outros países, como Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Israel, observaram mudanças na interação das pessoas com a natureza durante períodos de lockdown na pandemia da Covid-19 em 2020 na Europa.

Os lockdowns (termo em inglês usado para o confinamento mais restrito de pessoas) decretados em muitos lugares mundo afora, como forma de controlar a pandemia, levou a grandes mudanças nas sociedades, desde o início de 2020. Como muitas pessoas ficaram em suas casas, elas começaram a realizar novas atividades, ou atividades anteriormente feitas em períodos ou locais diferentes. Esse confinamento de muitas pessoas aumentou também a necessidade de criar alternativas para expressar sua liberdade e para se reconectar com a natureza.

Para entender melhor esses padrões, cientistas analisaram as mudanças no interesse das pessoas por pássaros comuns de jardim em cinco países europeus (França, Alemanha, Itália, Suécia e Reino Unido) durante 2020 e nos quatro anos anteriores. Eles conseguiram isso observando as interações online das pessoas com essas aves. Essas novas fontes de dados digitais estão se tornando inestimáveis para obter insights sobre as interações das pessoas com a natureza. Os pesquisadores foram capazes de mostrar que durante o primeiro período de lockdown, nos meses da primavera européia (março a junho) de 2020, houve um aumento acentuado no interesse em pássaros comuns de jardim, evidenciado por um número crescente de pesquisas no Google, visualizações de páginas da Wikipedia e avistamentos postados no iNaturalist, uma plataforma popular de ciência cidadã para essas espécies. Curiosamente, mesmo na Suécia, onde os lockdowns formais não foram decretados, os pesquisadores puderam ver esse crescimento de interesse durante o mesmo período. Entretanto, esse aumento foi menos evidente nos lockdowns seguintes.

Os pesquisadores deste estudo acham esses resultados interessantes em várias frentes. O Dr. Uri Roll, da Universidade Ben-Gurion do Negev, comentou: “Em tempos como esses, de angústia e reclusão, estando restritos à nossa casa, a importância da interação com a natureza – mesmo que sejam apenas a observação de pássaros comuns do jardim fora de nossa janela – era evidente”; “Essas interações com a natureza são importantes para nós em um nível fundamental e essa lição é particularmente importante para lembrar em face da crise da biodiversidade, extinções de espécies em massa e maior alienação da natureza na era digital”. O Dr. Richard Ladle, da UFAL e CIBIO / InBio, acrescentou que “tais fontes digitais sobre interações homem-natureza estão se expandindo a taxas fenomenais e podem se tornar a chave na promoção de campanhas eficazes de conservação, compreensão da eficácia da educação ambiental, planejamento urbano para cidades mais verde e equitativas e, em última análise, uma compreensão mais profunda da psicologia humana”.

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